Admiro-me com a plasticidade do capitalismo. Possui tudo e todos, a Mão Invisível, além dos mercados, estende a sua influência a um novo domínio, o espiritual.
Fico estupidificado com a abundância de milagreiras e professores, mestres e curandeiros que se promovem nos classificados de qualquer jornal, prometendo milagres a preços cómodos (com possibilidade de pagamento em suaves prestações). As promoções chegaram aos milagres! Com tanto Messias plantado neste rectângulo, estranha-me que Judeia não seja uma localidade da Grande Lisboa.
Certas igrejas universais do Reino de Não-Sei-Quem, frequentadas por cegos de espírito e guiadas por cegos de dízimo, e impostores de países embrenhados numa África longínqua subvertem e insultam a essência do misticismo africano e é, para todos e especialmente para aqueles com raízes africanas, imperdoável.
Não há escrúpulos no uso das armas da alienação, mas isso é tão óbvio não é?! Cada vez mais sinto que observo e escrevo sobre o óbvio. É tão óbvio que a liberdade é uma fantasia, que os nossos gostos e crenças são impostos, é tão óbvio que o Coma Social devia ser tratado pela Psicologia Clínica.
Mas, para todos aqueles que pensam que ignorância deixa tudo e todos de ouvidos e boca tapados, tenho algo a reafirmar: o povo não é estúpido. Inculto, sim! Estúpido, não! Constatei isso mesmo ao ouvir um desses indivíduos da rua exclamar perante uma imagem de campanha às Presidenciais de 2011: “Abaixo a ralé e viva a maçonaria e a sociedade capitalista”.
Será que o Marx se enganou ao desprezar o lumpen como massa para engrossar revoluções? Que se foda, sou adolescente e revoluções são para outros as fazerem.